O Brasil fechou nesta sexta-feira, 15, sua participação na 58ª edição do Festival de Berlim com dois curtas-metragens com protagonistas homossexuais: Café com Leite, de Daniel Ribeiro, exibido na mostra Geração, e Tá, de Felipe Sholl, que ganhou na quinta-feira, 14, o prêmio Teddy de melhor curta gay. Sholl disse que sua experiência em Berlim foi "incrível" e "assustadora" já que sua passagem pelo festival e, principalmente, o prêmio "abrem portas" para ele no mercado cinematográfico. Tá, que segundo Sholl foi incluído "de última hora" no programa da mostra Panorama como abertura do longa brasileiro Maré, Nossa História de Amor, mostra uma cena de banho na qual um jovem tenta que seu amigo consiga uma ereção. Scholl afirmou que a história é narrada "com muito humor" e que, embora a princípio possa parecer "sórdida e suja", na realidade transmite uma mensagem romântica. "Hoje em dia há muita liberdade sexual, o que é muito positivo, mas é verdadeiramente difícil obter a intimidade de alguém", afirmou Sholl, que sustenta que não se trata de uma história "para gays" já que se refere a algo "universal". No outro filme exibido nesta sexta, Café com Leite, o diretor Daniel Ribeiro traz um relato sensível sobre um casal de homossexuais que receberá a guarda do irmão pequeno de um deles após a morte de seus pais. "Quis contar uma história de dois irmãos e a ambientei em uma família gay, exatamente porque podem existir famílias de vários tipos", disse o diretor. Ribeiro, que evidencia as relações íntimas de seus dois protagonistas, destacou que o tema "não é o homossexualismo" mas o fato de assumir a responsabilidade de criar Lucas, um menino de nove anos, interpretado por Eduardo Melo. O título Café com Leite se refere ao tratamento dado aos menores em brincadeiras infantis, segundo o diretor. "A idéia era mostrar os problemas que acontecem em uma família normal, seja composta por gays ou heterossexuais", acrescentou. A grande estrela da participação brasileira no Festival de Berlim foi o filme Tropa de Elite, de José Padilha, que concorre ao Urso de Ouro. Além dele, participam Maré, Nossa História de Amor, de Lúcia Murat, na mostra Panorama; Mutum, de Sandra Kogut, e Cidade dos Homens, de Paolo Morelli, na mostra Geração, e ainda o curta Dreznica, de Anna Azevedo, exibido fora da competição.